A tal da validade

28 de June, 2011 em Geral by Bianca de Neve

Há um tempinho me deparei com esse post aqui (em inglês) – dica de uma leitora –  no The Polished Medic que falava sobre a validade dos esmaltes, especialmente da marca OPI.

A indagação que a menina fez é a mesma que muitas de nós temos: afinal, podemos usar esmalte “vencido”?

A Camila fez um post sobre o significado de vários símbolos que encontramos nos rótulos dos esmaltes importados e o mais comum/fácil de reconhecer é o da validade.

Esse símbolo do potinho com a quantidade de meses se chama PAO. É o Period After Opening (período depois de aberto). Ou seja, os meses ali designados começam a contar após a primeira vez que você abre a embalagem. (espero que as gringas não tenham a anti-higiênica mania de “testar” o esmalte na loja)

Fui dar uma olhada nos esmaltes nacionais e vi que a Risqué sempre teve o símbolo “green dot“, significa que ela contribui para programas europeus de descarte apropriado e reciclagem de materiais (e no Brasil não faz nada?). A Avon adicionou recentemente o símbolo “inflamável” nas suas embalagens, o nome é auto-explicativo.

Já é um começo, certo?

A validade dos esmaltes do Brasil não é representada da mesma maneira. Nós temos a data de validade dos produtos já definida, o modelo atual é composto, normalmente, pelo mês e ano do vencimento. Uma dica para certas empresas: não “carimbem” a validade na tampa dos esmaltes, pois o atrito do abre e fecha, faz com que ela se apague.

Aproveitem para anotar o 0800 da Colorama, não é sempre que conseguimos ler as letrinhas miúdas! ehaueau

Até mesmo os esmaltes importados que compramos nas lojas “oficiais” daqui possuem data de validade, geralmente um adesivo indicando até quando o produto deve ser consumido.

Bom, segundo a resposta da OPI (dada por Paul Bryson, diretor de pesquisa e desenvolvimento da marca) publicada neste link, o símbolo do PAO só foi inserido por normas da União Europeia, pois eles pedem que todos os cosméticos tenham essa informação. O PAO é o tempo “seguro” para se usar determinado produto, do mesmo jeito que temos validade para os alimentos que consumimos.

Agora o que me angustia é isso: essa data de validade só conta a partir do momento que o produto foi aberto, enquanto aqui no Brasil nós temos a data de fabricação E a validade (que nunca é superior a 3 anos). Por quê?

De acordo com as diretrizes do PAO a preocupação é com a formação de colônias de bactéria nos produtos que utilizamos, e que poderiam causar irritações e etc. E é por isso que a OPI diz que “esmalte é seguro para sempre”, pois os químicos utilizados na sua formulação não se dão bem com organismos xexelentos e invisíveis a olho nu. O que não quer dizer que o esmalte estará em condições de uso para todo o sempre, só diz que ele não causará dano à saúde.

Mas e no Brasil? Desde que me conheço por gente tenho o hábito de jogar tudo que passou da validade fora, melhor não arriscar, não é mesmo? Já usei esmalte vencido, NÃO recomendo que os outros o façam, mas o que posso dizer é que, com exceção da fórmula estar um pouco grossa, nada bizarro aconteceu comigo ou minhas unhas.

Tenho alguns esmaltes importados antigos. Não de eu já os ter há muitos anos, mas antigos por terem sido fabricados há muito tempo (2005, por aí) e o que posso dizer é que eles estão tão bons quanto os de coleções atuais. Melhores do que muito esmalte nacional comprado ano passado.

Enquanto os importados estão “funcionando”, alguns esmaltes nacionais estragam antes do prazo de validade expirar. Dois exemplos abaixo.

O Talismã era um azulzinho cintilante, virou essa coisa branca esverdeada. Não tem informação nenhuma além da data de validade (06/2012) e a quantidade (8ml). O 5Cinco se chama Tulipa e dá pra ver que só venceria em Outubro desse ano, eu tirei ele da coleção e separei para a caixa dos “frascos que precisam ser limpos” porque achei a cor muito bizarra. Pudera, originalmente ele é um vermelho metálico. Queria saber qual foi a reação química que deu errado para os esmaltes ficarem assim.

O caso mais engraçado aconteceu com o meu Pérola Negra, da Passe Nati. No mês do vencimento, ele simplesmente decantou, estilo o Dourado Metálico da Colorama. Mas não voltou ao normal depois de sacudir e nem tinha mais glitterzinhos holográficos.

O que me leva a pensar: a indústria nacional está tão atrás assim na qualidade dos produtos? E por favor, sem essa de “só esmalte importado é bom” e “não sei pra que comprar importado se temos igualzinho aqui”, nada de extremos.

Me desculpa, mas nós não temos a mesma QUALIDADE do produto. Podemos ter as mesmas cores, os mesmos acabamentos (estou torcendo pelos holográficos da Hits), mas a fórmula e a apresentação, entre outras coisas, contam pontos, sim, na hora de você avaliar o custo-benefício de um produto.

E não me venham falar de Chanel, estou falando de empresas que estão há anos no ramo de esmaltes e, por experiência, deveriam ter produtos excelentes, pois já puderam errar, refazer e aprender.

Não estou dizendo que o mercado brasileiro é péssimo, só acho que há ainda uma discrepância no nível dos esmaltes fabricados aqui e os fabricados em outros lugares. E acho válido levantar essa questão quando o preço dos esmaltes vem subindo e a qualidade decaindo. Não me importo de pagar mais por um esmalte, desde que ele “mereça”.

Fica aqui a pergunta para as estudantes de química/farmácia que leem o blog (sei que tem várias, ahaha): existe ou não existe risco à saúde ao se usar esmalte vencido? Pois o esmalte já é um produto químico e no Brasil ainda não temos regulamentação sobre os níveis seguros de cada substância na sua formulação.

Acho que o problema maior não é o “até quando” usar, mas sim “o que” temos usado.

PS.: Galera, infelizmente não temos acesso ao descarte adequado de esmaltes que não queremos mais, porém, na dúvida NUNCA jogue na pia, na privada ou no solo. Despeje em um jornal ou papel velho e jogue no lixo, lembrando de deixá-lo separado de descartes recicláveis ou orgânicos, belê?

P.S.2: Fizemos outro post com respostas às perguntas feitas neste, não deixe de ler para entender um pouco mais sobre como funcionam os esmaltes. Clique aqui.