O que é 3free, 4free, 5free etc

5 de May, 2015 em Dicas Úteis, Utilidade Pública by Bianca de Neve

Quanta ~liberdade~, não? (free significa “livre” em inglês, hauuha).

A Mohda lançou a linha FREE, que eu achei meio bizarro se chamar só assim, pois muita gente começou a perguntar se o esmalte X era “free” e etc. E perguntando desse jeito eu entendia de duas maneiras: se o esmalte era livre (??) ou se era grátis (já que free também serve pra dizer que algo é de graça). Então assim, vou ser chata de novo, dizer que algo é “free” – dentro do contexto do esmalte – não tem muito a ver. Falar TOXIfree, 3free, etc, faz mais sentido na minha cabecinha orelhuda.

FORMULA-naotoxicaalguns exemplos de esmaltes que têm no rótulo o aviso de não conterem substâncias tóxicas

Não sei ao certo quem cunhou a expressão 3free, mas ela é velha conhecida nos EUA e Europa, até porque nos EUA e grande parte da Europa essa é a formulação BÁSICA de um esmalte, você NÃO PODE vender algo que contenha tolueno, DBP (dibutilftalato) e formaldeído, que são os principais agentes causadores de alergia.

Se todos os produtos se adequam a uma formulação mais segura para seus consumidores, as marcas terão de se tornar mais competitivas e fazer produtos melhores ainda, para provar que uma faz menos mal que a concorrente. E foi assim que surgiu o 4free e o 5free.

Os três ingredientes básicos que citei ali em cima são os mais potencialmente alergênicos, isso significa que são os que costumam causar mais reação nas pessoas, por isso foram tirados de diversas marcas. Porém não são apenas esses que causam reações nas pessoas. Por exemplo, quem tem muita sensibilidade ao formaldeído não pode usar nem a resina de formaldeído (que é o formaldeído modificado e muito mais fraco), outras têm alergia à cânfora. Como vocês já sabem, existe alergia a tudo que existe no mundo, mas também não dá pra fazer esmalte sem todos os ingredientes. É o caso da nitrocelulose – me corrijam se eu estiver errada – ela é a base de qualquer esmalte. Se você tem alergia justamente a isso, infelizmente não poderá usar um esmalte convencional, só aqueles à base d’água.

Temos três categorias de “free” conhecidas, são elas:

  • 3free – sem tolueno, DBP e formaldeído adicionado
  • 4free – sem tolueno, DBP,  formaldeído adicionado e resina de formaldeído
  • 5free – sem tolueno, DBP,  formaldeído adicionado, resina de formaldeído e cânfora

O tolueno é um solvente que ajuda na maleabilidade da fórmula e garante uma secagem rápida; o DBP aumenta o brilho e flexibilidade do esmalte; o formaldeído ajuda na fixação; a resina de formaldeído tem a mesma função do anterior, é apenas uma “versão mais leve” do formaldeído e a cânfora serve como plastificante.

Vi uma marca se dizer 6free por não ter parabenos, mas era uma linha de esmaltes infantis à base d’água.

A Colorama foi a primeira empresa brasileira (salvo engano) a fazer um esmalte livre de substâncias tóxicas sem usar a nomenclatura “hipoalergênico”. Desde 2006 ela não tem ingredientes potencialmente alergênicos. Sim, DOIS MIL E SEIS. Ano passado ela enviou um comunicado para reforçar a qualidade da fórmula produzida por eles, e também a adição do selo 5free nos seus esmaltes. Isso é legal porque meio que força os concorrentes a se adequarem a um padrão que é benéfico para nós.

Só que daí as empresas querem competir umas com as outras, e com a quantidade de marcas de esmaltes recém criadas a disputa é acirrada mesmo, então elas inventam mais ~liberdades~.

Recentemente surgiu a linha de esmaltes da Flávia Alessandra, os produtos são feitos pela Mohda e um dos motes foi chamar os esmaltes de 7free. Inclusive eles vendem como “único esmalte 7free do Brasil“.

FLAVIAALESSANDRA-7free
Os dois ingredientes a mais que eles não têm são (além dos 5 citados acima): GLÚTEN e “ANIMAL FREE” (não sei como isso seria um ingrediente, mas enfim).

Eu não concordo com esses dois itens porque nunca vi esmalte com glúten – apesar da gente sempre brincar que a bundinha branca é excesso de farinha de trigo – e “liberdade animal” não chega a ser um ativo. Além do mais já existe um selo internacionalmente conhecido para isso, se chama cruelty-free, então não faz sentido confundir mais ainda a cabeça das pessoas. Até porque a Mohda já disse antes que nunca fez teste em animais e para os esmaltes ~normais~ da marca essa informação nunca foi usada como diferencial.

Mais recentemente surgiu a marca Léa Cosméticos. Tem uns esmaltes bacaninhas, apostando em acabamentos diferenciados e tal, só que ainda com a fórmula tóxica. Há poucos dias recebemos e-mail da marca falando sobre a nova linha 9free. Segundo o e-mail:

Os esmaltes 9 Free Léa Cosméticos, possuem formulação 9 Free, ou seja, são livres de componentes que tendem a causar alergia (tolueno, formaldeído, resina de formaldeído, parabenos, petrolatos, níquel, cádmio, cânfora, dbp).

Percebam como não tem padrão, a Léa não fala nada de glúten ou teste em animais, mas fala de parabeno, níquel, cádmio e até petrolato. Petrolatos são os ingredientes derivados de petróleo, dei uma pesquisada aqui e entendi que o tolueno acaba vindo do petróleo. Se for isso mesmo (quem entender mais de compostos químicos, favor me corrigir), não seria redundante dizer que o esmalte não tem petrolato e ao mesmo tempo não tem tolueno?

Então assim, é sempre bom a gente ficar ligada no que usa e acho importantíssimo as empresas estarem se adequando ao que queremos, pensei que a onda 3free ia demorar muito mais para chegar por aqui. Acho ótimo que estejam focando nisso, mesmo que seja para ter um diferencial (quando na verdade deveria ser requisito básico), mas também acho que não dá pra cada um fazer de um jeito e ficar tudo bagunçado.

Ao contrário do termo hipoalergênico (que precisa de testes específicos e ser certificado pela Anvisa), não existe legislação que defina exatamente o que é 3free, 4free, etc… o que há é apenas um consenso entre as marcas (gringas, a princípio). Então vamos ser um pouquinho menos megalomaníacos e tentar padronizar? Não é pra ser uma competição de quem tem o número maior, é pra ser um benefício ao consumidor e um atestado de qualidade do produto.

Definam aí qual vai ser o sexto ingrediente nocivo que vão tirar, o sétimo, oitavo, nono e etc. Mas tem que ser o mesmo pra todas as marcas, caso contrário, perde o sentido em dizer que o esmalte é Xfree, porque não vai dar pra saber exatamente o que NÃO TEM nele, e esse era o ponto principal de colocar o númerozinho na frente do “free”.

E fiquem de olho no que vocês consomem, inclusive produtos de higiene e alimentos, alergia é coisa séria 😉